Todo ano, quando chega o Dia das Mães, eu paro para fazer uma reflexão e diversos pensamentos rondam a minha cabeça.
Cheia de saudades, eu começo a pensar na minha Mãezinha com mais intensidade. Penso em tudo o que ela representou para mim e na grande falta que ela me faz. Penso no seu carinho, na sua doçura, no aconchego dos seus braços, na sua euforia contagiante e nas músicas que ela passava o dia a cantar, alegrando a nossa vida e, ao mesmo tempo, ocultando suas tristezas.
Incansável, dedicada, batalhadora, e muito prendada, Mamãe mais parecia uma formiguinha, labutando ininterruptamente.
Deixou-nos grandes e boas recordações, que eu vou tentar rememorar aqui, através de algumas das inúmeras canções que ela gostava de cantar no seu dia-a-dia.
MAMÃE era uma pessoa carismática e comunicativa. Sua pele era BRANCA e tinha os OLHOS CASTANHOS e expressivos. Com apenas um olhar, alegre ou severo, sabíamos tudo o que ela queria dizer. Era muito vaidosa e elegante. Parecia uma CHIQUITA BACANA, apesar de ser GENTE HUMILDE.
De MALANDRINHA, não tinha nada, pois era muito trabalhadeira e caprichosa e, além dos infindos afazeres domésticos, ainda arranjava tempo para dedicar-se a diversos trabalhos manuais, como tricô, crochê, costuras, bordados e muitas outras habilidades. Parecia uma MULHER RENDEIRA.
Levava uma VIDA DE BAILARINA, dançando o tempo todo para dar conta de tudo com pontualidade. Cuidava com esmero dos filhos, do marido e da casa, lavando, passando, cozinhando e costurando. AI QUE SAUDADES DA AMÉLIA!…
Lembro-me que, quando pequenina, em nossa MINAS GERAIS, ainda não havia água canalizada no bairro onde morávamos e ela ia buscá-la numa bica que ficava num CAMINITO no final da rua. NESTA RUA ela subia todos os dias com a LATA D’ÁGUA na cabeça. Cada um de nós, MANO A MANO, carregávamos uma latinha para ajudá-la. No fim do dia ela estava um MOLAMBO, coitada! Mas, mesmo cansada, ela tinha ânimo para sentar conosco numa NOITE CHEIA DE ESTRELAS, perto do PÉ DE MANACÁ, para contar a HISTÓRIA DE UM AMOR, e cantar para nós algumas músicas, tais como: ÍNDIA, MARINGÁ, BABALÚ, LA PALOMA, ou participar de alguma brincadeira conosco, enquanto admirávamos o LUAR DO SERTÃO (Naquela época, lá parecia mesmo um sertão). Era naquele tempo em que não tínhamos televisão para substituir os diálogos em família.
Na NOITE CHUVOSA, ficávamos dentro daquela CASINHA PEQUENINA e, sem nos importarmos se CHOVE LÁ FORA, tomávamos um leite queimadinho e empoleirávamos na cama dela, A MEDIA LUZ, para ficarmos à ESCUTA de suas estórias interessantes, como as do ASSUM PRETO e do PIERRÔ APAIXONADO. Depois de constatarmos que A NOITE É LINDA, ela cantava para nós A NOITE DO MEU BEM, LA CUMPARSITA ou RECUERDOS DE YPACARAÍ e, em seguida, entoava uma canção de ACALANTO, dava-nos um BEIJINHO DOCE com seus LÁBIOS DE MEL e nós dormíamos tranqüilos e felizes, sem nos preocuparmos com o SERENO. Despertávamos bem depois do romper da AURORA.
Mamãe foi MEU PRIMEIRO AMOR e eu tinha verdadeira FASCINAÇÃO por ela. Ela estava sempre ao nosso lado, mostrando-nos que UMA ANDORINHA NÃO FAZ VERÃO. Éramos AS PASTORINHAS que ela tanto amava e ela nunca nos deixou no ABANDONO. Ao contrário, fazia o impossível para tornar nossa vida mais alegre e proveitosa. NOSSOS MOMENTOS foram maravilhosos e cheios de AMOR. Tínhamos muito ORGULHO dela, pois ela era o nosso EXEMPLO e a nossa preciosa ESMERALDA.
Até que um dia ela partiu para sempre e o MEU MUNDO CAIU. Nada foi mais a mesma coisa, desde que O DESTINO DESFOLHOU a sua vida.
Eu chorava muito e ALGUÉM ME DISSE, com um LENCINHO BRANCO na mão: OUÇA! Não fique triste! ENCOSTA TUA CABECINHA no meu ombro e relaxe! FUMANDO ESPERO que você se conforme, pois FOI DEUS quem quis assim. ESTAVA ESCRITO, creia! Mas eu não me conformava em perdê-la tão nova, com apenas 49 anos de idade, quando ainda tinha toda uma vida pela frente.
NEM ÀS PAREDES CONFESSO o que senti naquele momento. Era como se estivesse num ABISMO. Foi então que entendi o que era a TRISTEZA DO JECA. Eu ficava SASSARICANDO de um lado para o outro, SIN PALABRAS, fazendo RONDA pela casa, sentindo a BALADA TRISTE do meu coração. Nenhuma palavra de consolo abrandava minha inquietação e eu pensava o tempo todo: NINGUÉM ME AMA como você e nem entende que EU NÃO EXISTO SEM VOCÊ, minha Mãezinha!
Aos poucos, fui me acalmando e dizendo para mim mesma: FALHASTE CORAÇÃO e eu não posso fazer mais nada. Afinal NINGUÉM É DE NINGUÉM, foi o que concluí. E me despedi com um VAIA COM DIÓS, Amor de minha vida!
Hoje, quando ouço LUZES DA RIBALTA, sinto a saudade apertando no meu peito. Então eu me ajoelho AOS PÉS DA CRUZ, rezo todas as AVE MARIA’s de que ela tanto gostava e peço a SANTA LUCIA que me proteja e DEVOLVA-ME a paz que eu tinha ao lado dela.
Um dia eu PEGUEI UM ITA NO NORTE e vim para MINHA TERRA, pois sentia SAUDADES DO MATÃO. Em casa, FIZ A CAMA NA VARANDA, pensei no JARRO DA SAUDADE e, como nas TARDES DE LINDÓIA, comecei a cantar a ADIÓS PAMPA MIA e, em seguida, a VALSA DA DESPEDIDA.
QUERO BEIJAR-TE AS MÃOS, mas, como isto é impossível, eu canto o HINO AO AMOR em homenagem a ela.
Mãezinha, ONDE ESTÁS AGORA? Eu não consigo esquecê-la um minuto sequer. TU, SOMENTE TU, onde quer que esteja, ficará SEMPRE NO MEU CORAÇÃO e SEMPRE EM MEU PENSAMENTO. Você jamais será um FÓSFORO QUEIMADO, pois eu vivo SONHANDO CONTIGO. Outro dia mesmo EU SONHEI QUE TU ESTAVAS TÃO LINDA!
TAÍ, Mamãe, TU ME ACOSTUMASTE com seu carinho e é muito difícil viver sem você. CONTIGO APRENDI as melhores e mais belas coisas da vida! Se eu pudesse VOLVER no tempo, COMEÇARIA TUDO OUTRA VEZ… Eu nunca deixarei de repetir as TRÊS PALAVRAS: Eu a Amo! QUE SERÁ que eu posso fazer por você numa data como esta, MINHA MÃEZINHA QUERIDA? Somente agradecer a Deus por tê-la como minha Mãe e, nas minhas orações, pedir aos DOIS CORAÇÕES de Jesus e MARIA que estejam sempre com você, proporcionando-lhe A FELICIDADE eterna. E, para finalizar, vou colher na JARDINEIRA uma ROSA bem bonita para lhe ofertar, juntamente com uma BANDEIRA BRANCA, simbolizando a paz que você tanto merece.
Que Deus a tenha sempre num bom lugar!
ADIÓS MARIQUITA LINDA!
Wany de Lima Nogueira