Lembrança Amarga
03/09/2015
Lembrança Amarga

Maria de Tal era quase vizinha minha. Eu, morador da rua Perdões. Ela morava na rua Rio Pomba, região noroeste de Belo Horizonte.

 

Ah, Maria morena clara, olhos e cabelos pretos era uma estudante linda. Aluna de nobre educandário. Quase não saia desacompanhada. Sorria encantadora, estilo da Madona de Da Vinci. Sorriso discreto, enigmático. A menina-moça tinha viva simpatia.

 

Ela correspondia aos meus olhares de adolescente. Eu mal acreditava. Aquela pombinha florestava comigo… um recruta da FAB.

 

Ah, eu voava… nos meus sonhos poéticos! Porém, nunca chegamos a conversar. O tempo ia passando. Em segredo, lhe fazia uns versos e os guardava no meu coração. Nem me dava conta de que o tempo transcorria. E eu sonhando… voando… sem enxergar a pista de aterrissagem.

 

O trajeto dela, sempre pela rua onde residia. Talvez os seus delicados pés evitassem andar pela minha porque ainda faltava o calçamento.

 

Era compreensível.

 

Um dia, o pior para mim, aconteceu. Ela namorava escondido dos pais perto de minha casa. Fora como se tivessem derramado um balde d’água gelada em mim, melhor, no meu amor platônico. Caíram de mim os meus sonhos poéticos.

 

Hoje, lamento: amor que não age, deixa lembrança amarga na vida.

 

Apesar de tudo, ninguém pense que consegui odiá-la. Afinal, a rua onde moro, chama-se perdões.

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